Vai para a Chapada Diamantina? Veja o que fazer na região

Se você já ouviu elogios exagerados ou adjetivos como paraíso, lugar mágico e destino incrível quando alguém se referiu à Chapada Diamantina, pode ter certeza: é tudo verdade. De fato, qualquer predicado que se refira a um dos roteiros de ecoturismo mais famosos do Brasil não consegue fazer jus à grandiosidade e à beleza desse lugar que consegue encantar amantes da natureza, dos esportes radicais, das trilhas e do turismo místico.

Nos seus quase 42 mil quilômetros quadrados, centenas de atrações — como cachoeiras, montanhas, cavernas, grutas, lagos, rios e paisagens naturais estonteantes, além de uma biodiversidade riquíssima e cuidadosamente preservada — saltam aos olhos.

Não por acaso, a região é mundialmente conhecida não só por seu potencial turístico ou pelas belezas naturais, mas pela enorme gama de atividades que podem ser feitas na região. Quer descansar, se maravilhar com as belas vistas, se aventurar em trilhas que podem durar mais de uma semana, contemplar o céu estrelado, viver dias inesquecíveis longe do sinal do celular ou se deliciar nos inúmeros banhos de cachoeira? Pois lá é possível de se fazer isso e muito mais.

O menu para os turistas é bastante vasto: desde as tranquilas e tradicionais caminhadas em meio à floresta exuberante até eletrizantes voos de asa delta, canyoning e rafting, a lista do que é possível fazer na Chapada é quase infindável. Somado às opções variadas de hospedagem, com campings, hostels, casas de moradores, pousadas e hotéis, inclusive de luxo, isso faz com que o destino se ajuste às necessidades e aos perfis muito distintos de turistas.

De mochileiros a grupos de amigos até famílias com crianças e grupos da boa idade, é comum topar com viajantes de todo tipo e de várias nacionalidades nas cidades que servem de ponto de apoio para os passeios pela região. Neste post, montamos um roteiro completo, com todas as dicas que um turista precisa saber para aproveitar uma viagem para a Chapada Diamantina e se encantar com uma temporada inesquecível em um dos lugares mais ricos em belezas naturais do Brasil.

Como chegar?

A principal cidade do Parque Nacional da Chapada Diamantina é Lençóis, para onde partem voos diretos às quintas e domingos a partir de Salvador, de onde é possível fazer conexões com voos de várias cidades brasileiras. A viagem tem duração de 45 minutos e o aeroporto fica localizado a 22 km do centro da cidade. De Lençóis, ponto de apoio onde se hospeda a maior parte dos turistas que visitam a área, é possível explorar toda a região — seja de forma independente, seja com a ajuda de empresas que oferecem uma infinidade de roteiros.

Outra maneira de se chegar a Lençóis, e também às cidades de Palmeiras, Andaraí, Igatu, Ibicoara, Mucugê e Rio de Contas, todas localizadas dentro da área da Chapada, é por meio de ônibus. As linhas têm frequência diária partindo de Salvador em vários horários, e o percurso dura em média 5 horas.

Alugar um carro em Salvador e encarar os cerca de 400 quilômetros até o Parque é uma alternativa para quem não se incomoda em dirigir por algumas horas.

O que fazer?

A chegada em Lençóis já dá o tom do que a viagem reserva ao turista. A cidade, apesar de fervilhar de turistas, mantém o clima interiorano, com ruas de pedra, casario colonial e belas paisagens. Com boa estrutura hoteleira, muitos restaurantes e lojas, a cidade costuma servir de base para quem pretende visitar grande parte das atrações da Chapada. Dezenas de empresas de ecoturismo dispõem de pacotes e roteiros variados que cobrem todas as principais atrações do Parque.

Para quem chega de carro ou aluga um na cidade, também há a opção de contratar guias independentes, formalmente capacitados para exercerem a atividade, acompanham desde os passeios mais simples até as rotas mais complexas.

Para quem visita a região pela primeira vez, a quantidade de atrações pode até assustar. É comum os turistas terem dúvidas do que escolher diante de tantas opções. Para ajudar, listamos os roteiros imperdíveis em uma viagem para Chapada Diamantina:

Grutas Azul e da Pratinha

Localizadas em uma propriedade a uma hora de Lençóis, as duas atrações são uma excelente introdução às maravilhas da Chapada e não exigem nenhum esforço do turista, como trilhas ou subidas. Por isso, o roteiro é o mais indicado para o primeiro dia de viagem. O local, dotado de ótima infraestrutura, dispõe de banheiros e oferece aluguel de coletes e snorkels.

Na Gruta Azul, onde o banho é proibido, basta descer alguns degraus para contemplar as águas claríssimas iluminadas pelos raios de sol que incidem no início da tarde. Por isso, o ideal é estar no local às 14h, horário em que é possível contemplar o espetáculo peculiar, que fica ainda mais evidente entre os meses de junho e julho.

A poucos metros, estão a gruta e a lagoa da Pratinha, um local de águas calmas e azuladas onde o banho — delicioso e acompanhado por milhares de peixinhos — é liberado. No interior da gruta, porém, só e possível fazer mergulho de flutuação, com o uso obrigatório de coletes e o acompanhamento de um guia. A medida é uma forma de preservar o solo do fundo da gruta, formado por sedimentos de minúsculas conchas calcáreas, e manter a água translúcida.

Além de oferecer aluguel de caiaques e uma tirolesa, o complexo também dispõe de bar e restaurante, então o ideal é almoçar por lá e aproveitar com tranquilidade as atrações à tarde.

Morro do Pai Inácio

Ele é um verdadeiro ícone da Chapada Diamantina. E não sem motivos. Esse enorme elevado, com 1.120 metros de altitude, localizado à margem de estrada e bem perto de Lençóis, costuma deslumbrar quem o avista de longe.

Mas é lá de cima que o esplendor se revela: no alto do morro está uma das paisagens mais incríveis que alguém pode ter diante dos olhos. Para qualquer lado que se olhe, lá está a natureza em estado bruto, em um belo contraste entre a imensidão verde e o azul do céu.

Só isso já bastava para transformar a subida íngreme de cerca de vinte minutos em um mero detalhe. Mas a maior das surpresas que o Pai Inácio reserva aos visitantes chega junto com o fim do dia, quando a trilha do morro costuma ficar cheia de turistas.

A pequena multidão se reúne para um espetáculo obrigatório para quem vai à Chapada: o pôr do sol, visto do alto, e que, não bastasse ser de uma beleza extraordinária, doura toda a paisagem ao redor, tornando o momento ainda mais mágico.

Lapa Doce e Torrinha

Os vários rios que correm abaixo da superfície na Chapada Diamantina são responsáveis por escavar um enorme sistema de cavernas, numa espécie de labirinto subterrâneo ainda pouco mapeado na região. Lá estão cerca de 40 grutas conhecidas, muitas das quais ainda não totalmente exploradas pelas suas grandes extensões.

Entre essas exuberâncias escondidas debaixo da terra, estão as grutas da Lapa Doce e da Torrinha, ambas localizadas no município de Iraquara, a 68 quilômetros de Lençóis. As duas formações são abertas ao público, mas só podem ser visitadas com a ajuda de um monitor capacitado, que leva pequenos grupos, em meio à escuridão e silêncio absolutos, pelos caminhos que desvendam cenários completamente diferentes de tudo o que você já viu na vida.

Com capacetes e lanternas, os visitantes são convidados a observar atentamente as milhares de formações rochosas esculpidas pela água e pelo acúmulo de sedimentos ao longo de milhares de anos.

Para o deleite dos turistas, centenas de estalactites, estalagmites e cristais delicadíssimos vão se revelando pelas trilhas subterrâneas e pelos enormes salões de pedra, numa verdadeira aula de geologia em meio a um mergulho no passado e ao espanto diante das belezas que a natureza esculpiu e manteve escondidas e intactas por mais de um bilhão de anos.

A Gruta da Lapa Doce, considerada a terceira maior do Brasil, tem 17 quilômetros mapeados e faz parte de um sistema de cavernas com mais de 40 quilômetros de extensão. Mas somente 850 metros dela estão liberados para a visitação pública, o que garante a preservação de boa parte de suas frágeis formações.

O passeio dura cerca de 1h30, com momentos surpreendentes, como a vista do chamado Presépio, uma verdadeira escultura natural criada por um paredão de estalactites que pendem do teto da caverna.

Já a Torrinha é considerada uma das grutas mais completas do Brasil, com formações variadas e raras, como é o caso das belíssimas flores de aragonita, pequenas formações com cristais que parecem joias naturais.

Vale do Capão

Esse é o destino certeiro para quem visita a Chapada em busca de uma experiência esotérica em meio à natureza intocada. A pequena vila de casas que forma a cidade foi fundada nos anos 1970 por jovens que se refugiaram naquele pequeno paraíso em busca de uma filosofia de vida baseada na cultura hippie de paz e amor.

E, desde então, o perfil dos moradores se mantém. Além de gente interessada em espiritualidade e misticismo e comunidades agroecológicas, a localidade serve de morada para casais mais maduros que resolveu abandonar as grandes cidades e recomeçar a vida ali, de uma forma completamente diferente.

A simplicidade é a marca do lugar, procurado por muitos mochileiros estrangeiros. No Capão, é vendida uma iguaria típica da Chapada Diamantina, o imperdível e delicioso pastel feito com o palmito da jada, como é chamada a parte dura que fica no interior da fruta.

Do Vale do Capão, partem as trilhas para a Cachoeira da Fumaça, localizada em cima de um paredão de 400 metros de altura. Nos meses úmidos, o estreito filete d’água escorre pelo despenhadeiro. Com a força do vento, a água se dispersa e chega na forma de gotículas à base da cachoeira, como um espesso vapor, daí o nome com o qual foi batizada a queda d’água. A trilha até lá não é das mais fáceis: são 6 quilômetros até o alto da cachoeira, sendo 2 uma subida.

Cachoeira do Mosquito

À primeira vista, pode até parecer que o local, um pequeno vale formado pela queda d’água e por grandes paredões de pedra, ganhou esse nome por ser infestada de insetos. Mas não se engane: uma das mais belas cachoeiras da chapada, a do Mosquito, é assim chamada porque nos tempos do garimpo era comum encontrar minúsculos diamantes, chamados de mosquitos pelos garimpeiros.

Além de um local silencioso para relaxar, fazer um piquenique e contemplar o banho dos passarinhos, que se arriscam atravessando a água forte, também é possível se deleitar com as piscinas e com a massagem natural proporcionada pela fortíssima queda d’água.

Poço Azul e Poço Encantado

Duas das atrações mais sensacionais e espantosas da Chapada podem ser condensadas em um só dia. Localizados na mesma região e distantes cerca de uma hora uma do outro, os Poços Azul e Encantado merecem ser aproveitados com calma. No primeiro, um lago de águas muito transparentes no interior de uma caverna subterrânea, é onde os turistas experimentam alguns dos momentos mais inesquecíveis da viagem.

O banho lá é permitido, desde que em pequenos grupos e com o uso de coletes que impedem o mergulho. Flutuar nas águas azuis e absolutamente transparentes — a ponto de ser possível ver o fundo do poço, cuja profundidade é imensa, é um dos pontos altos da viagem.

Mas calma! Se o Poço Azul já causa espanto, o Poço Encantado deixa muita gente sem reação diante de uma beleza difícil de se imaginar. Também formado por um lago sob a terra, suas águas de um azul profundo convidam a uma sensação de maravilhamento. Não é possível entrar nelas, mas isso se transforma em um mero detalhe diante do tamanho da beleza e do esplendor presenciados ali.

Além de todos esses atrativos, a estadia em Lençóis também proporciona atividades dentro da própria cidade, que podem ser aproveitadas à tarde, quando a maior parte dos viajantes regressa dos passeios do dia, ou durante as noites animadíssimas na cidade.

Um dos pontos de destaque é a quantidade de bons restaurantes e bares, que ficam concentrados no entorno de uma das ruas principais de Lençóis e onde não só se come muito bem, mas também se conhece gente e se vivencia o jeito boêmio e relaxado do local.

Em termos culturais, a cidade é bastante rica. À noite, no antigo mercado — hoje transformado em espaço para venda de artesanato e apresentações artísticas — é possível assistir a apresentações de rodas de capoeira e do Maracatu Diamante, agremiação tradicional da cidade.

Um dos destinos mais belos e cheios de possibilidades, a região da Chapada é, sem nenhuma dúvida, um roteiro imperdível para os mais variados tipos de turistas. Se o intuito é simplesmente curtir a natureza e as belas paisagens ou se divertir em roteiros cheios de aventura, uma viagem para Chapada Diamantina certamente é capaz de surpreender até o mais urbano dos viajantes.

 

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